Comandar uma empresa cuja governança e estratégia visa a perenidade dos negócios passa por integrar os aspectos de sustentabilidade ao processo de tomada de decisão. Todos os dias. O insumo é mais barato, mas amplia o impacto ambiental? Não compre. É popular, mas vai contra a equidade de gênero e raça? Não faça. É um parceiro super competitivo e eficiente, mas desrespeita a legislação local? Não contrate. A Approach acompanhou o encontro “Sustentabilidade na pauta dos CEOs e na pauta das empresas”, realizada pela Fundação Dom Cabral, em São Paulo, e compartilhamos a seguir alguns pontos sobre a importância que a sustentabilidade tem para o processo de tomada de decisão dos altos executivos.
Confira cinco razões pelas quais a sustentabilidade se tornou pré-requisito para liderar uma empresa:
1. Ela pode custar seu emprego. Hoje em dia, a sustentabilidade tem que estar na cabeça dos executivos, fazendo parte das decisões. Se a empresa não pensa a sustentabilidade dentro da gestão, ou se a liderança tem baixo conhecimento sobre como o impacto que o mau desempenho social e ambiental têm sobre os negócios hoje e no futuro, talvez não esteja preparada para dar resultados de longo prazo.
2. Visão do todo. A sustentabilidade é um guarda-chuva que reúne disciplinas complexas e iniciativas inovadoras em diversidade, governança, mudanças climáticas, ciclo de vida de produtos etc. Entendê-la como ecochatice ou ter práticas socialmente responsáveis para cumprir tabela é estar fora de compasso com o momento. Não há lugar para greenwashing. É preciso enxergar a sustentabilidade como aliada estratégica e manter o tema na C-suite.
3. Tem de estar na cultura. A sustentabilidade só funciona se dialogar com todos os níveis da empresa, do planejamento estratégico à eficiência da produção e da gestão, ou seja, sem o comprometimento e liderança do CEO, não há chance de a sustentabilidade entrar no DNA e engajar toda a cadeia de valor.
4. Afeta o seu bolso. O desempenho em sustentabilidade, cada vez mais, vai influenciar as remunerações do CEO, diretores e da própria força de trabalho de uma empresa. Neste caso, vale mencionar o case da L’Oréal, que tem a sustentabilidade como um dos pilares, inclusive assumindo compromissos públicos, com metas estabelecidas. Além disso, todos os seus executivos são avaliados periodicamente quanto às suas contribuições às práticas sustentáveis.
5. É o patrimônio da empresa. Diversidade e proteção de dados, temas centrais para a sustentabilidade, estão entre os maiores investimentos das empresas, de acordo com a pesquisa The State of Corporate Citizenship 2017, realizada pelo Boston Center for Corporate Citizenship. A Pepsico, por exemplo, criou a área Diversidade & Engajamento em 2016 e aderiu à iniciativa He for She, da ONU, visando alcançar a equidade de gênero. Hoje, mais de 40% das lideranças sênior da companhia são mulheres.
Para ampliar os horizontes:
– A sustentabilidade e a responsabilidade corporativa são o tema central da Carta aos CEOs, que Larry Flink, chairman do maior fundo de investimentos do mundo, o Black Rock, lançou este ano. É uma poderosa fonte de inspiração. Leia aqui.
– Livro – “A Espiral da Morte”, de Claudio Angelo. Um dos melhores livros sobre mudanças climáticas. O jornalista viajou para os quatro cantos do mundo, conversou com cientistas e com um humor ácido traça um panorama de como a humanidade vem alterando a máquina do clima. Vencedor do Prêmio Jabuti 2017.
– Netflix – Preferida dos executivos, a revista Exame indica 11 produções da Netflix sobre sustentabilidade e vida na Terra (veja aqui). O francês “Amanhã” traz cinco coisas que as pessoas comuns podem fazer para reduzir o impacto da humanidade no mundo.
– Podcast – Falta tempo para ler? Ouça. No trânsito, na academia, na ponte aérea. A edição 143 do podcast Mamilos compila e atualiza sobre as principais questões em torno do aquecimento global e fala da responsabilidade de governos e empresas nisso. Ouça aqui.