Participei no sábado, dia 3 de junho, da Oficina de Fact-Checking da Agência Lupa, a primeira agência brasileira de notícias especializada na área, reconhecida dentro e fora do País. Surpreendentemente, apenas eu e outras duas pessoas éramos profissionais atuantes no mercado numa turma de 12 alunos. Deu gosto de ver essa garotada, estudantes de Comunicação, entusiasmada pela profissão.
As jornalistas Cristina Tardáguila (diretora) e Juliana Dal Piva (subeditora), junto com Douglas Silveira (diretor de marketing), contaram casos curiosos, apresentaram outras agências de renome (dentro e fora do Brasil) e, por mais óbvio que seja, ensinaram o que a gente vê na aula de “Introdução ao Jornalismo”, quando ainda estamos lá no nosso primeiro período: apurar, contestar, ouvir os dois lados e contextualizar.
Em tempos de ebulição política no Brasil e no mundo, redes sociais impactando e definindo as pautas das redações, notícias falsas interferindo na opinião popular e sendo vistas como determinantes até mesmo em resultados eleitorais — e junte-se a isso a queda acentuada de leitores e assinantes da imprensa tradicional —, produzir notícia com imparcialidade e ser referência de credibilidade é cada vez mais essencial. A diretora da Lupa, inclusive, chamou atenção para os profissionais de TI, especialistas em bancos de dados, que estão deixando esta chance passar. O cenário mundial se mostra extremamente positivo, não apenas para a checagem de fatos, mas também para um jornalismo mais independente, como este aqui.
Ela ressaltou ainda uma questão curiosa: as agências têm se debruçado sobre assuntos nacionais, mas, por outro lado, há uma enorme oportunidade para os checadores que quiserem investir no ultralocal: no seu bairro, na sua cidade, na sua câmara de vereadores, no seu prefeito. É um caminho ainda pouco explorado e que, por isso mesmo, se mostra absolutamente relevante.
No jornalismo diário, a tarefa de checagem se coloca como um enorme desafio: ela exige tempo para apurar, preparo com muita pesquisa, cultura geral (sempre!) e rigor absoluto com o resultado. Diversos jornais têm procurado a Agência Lupa em busca de treinamento, confirmando a necessidade cada vez mais urgente deste aperfeiçoamento entre suas equipes de redação. Nas situações de checagem em tempo real, a pressão se agiganta, mas foram mostrados exemplos inovadores, como o da agência argentina Chequeado.
Seguindo normas da International Fact-Checking Network (IFCN), a Lupa adota cinco princípios: 1) transparência total das fontes, citando nomes e não publicando nada em off ou que haja dúvida; 2) metodologia transparente na coleta de dados, explicando como faz e inserindo todos os links referentes aos dados checados; 3) transparência de financiamento, informando quem são os seus patrocinadores; 4) política de correção, assumindo e corrigindo erros de suas publicações e 5) apartidarismo, fazendo um jornalismo isento, sem defender qualquer linha ideológica de direita ou esquerda.
A atividade requer responsabilidade e respeito primordial à informação, matéria-prima de qualquer jornalista que se preze. Ela confirma ainda mais o seu valor para que tenhamos pessoas cada vez mais bem informadas, tanto em quantidade, quanto em qualidade, e que as pautas decorrentes das checagens de fatos revertam positivamente na política e na sociedade civil.
Seguem alguns links mostrados em aula:
Outras agências de checagem de fatos:
http://www.poderopedia.org/poderopedia/index/chapters
http://piaui.folha.uol.com.br/lupa/2015/10/15/de-onde-vem-o-fact-checking/
Notícias Falsas:
Transparência: